Farinha de trigo: muito além do peso

Por que nunca havíamos pensado que a farinha de trigo (e outros grãos) pudesse causar tantos problemas em algumas pessoas?

Alguma vez, em sua dieta normal ou em regimes para perda de peso, você eliminou completamente a farinha de trigo (e outros alimentos com glúten) da dieta? A resposta mais provável é NÃO. Por este simples motivo, não conhece como é a vida sem ela e não sabe se você se sentiria muito melhor, com mais energia e livre de sintomas como dores de cabeça, coceiras e outros.

Testar esta hipótese é fácil: basta passar um mês sem pães, massas, bolos e tudo mais que contiver farinha de trigo. Importante também evitar outros grãos que são considerados saudáveis, inclusive integrais e soja (mas falar sobre ela exige um outro post).

Ganho de peso (ou dificuldade de perdê-lo): o efeito mais visível do consumo de farinha de trigo

Provavelmente você já sabe que cortar tais alimentos da dieta ajuda muito na perda de peso. A evidência é empírica e não há muita discussão. Porém, talvez seja importante entender o porquê disso. Primeiramente, o amido do trigo que consumimos hoje é de um tipo (amilopectina A) que é digerido muito rápido. Mas muito mesmo. Tanto que o pico de glicose no sangue é maior do que consumir a mesma quantidade de açúcar refinado (sacarose).

O que você provavelmente não sabe vem depois: no processo de digestão, a quebra do glúten gera polipeptídeos classificados como exorfinas. Esse nome é familiar, não? Exorfinas, endorfinas… Pois bem, estas exorfinas atuam no cérebro causando sensação de prazer e, com o consumo continuado e crescente, vício. Cria-se um ciclo vicioso em que o cérebro “demanda” maior consumo para gerar mais prazer. Você acaba comendo mais de um alimento que engorda.

Faça as contas.

A vida sem trigo pode trazer outros benefícios

Considere-se muito sortudo por não ter doença celíaca. O consumo de quantidades mínimas de glúten por celíacos causa dores abdominais fortíssimas, diarréias e dores de cabeça. Se você não é celíaco, tampouco quer dizer que o trigo não afeta negativamente sua saúde.

Segundo alguns autores, o consumo de glúten está associado ao desenvolvimento de doenças auto imunes (como lúpus e artrite reumatóide por exemplo) e sintomas incômodos que mostram que algo não vai bem com sua saúde (como enxaquecas, rinite, coceiras, dores de barriga, dores nas juntas e articulações entre outros). A explicação vem do fato que a gliadina, uma das proteínas do glúten, aumenta de forma significativa a permeabilidade intestinal, fazendo com que proteínas inteiras adentrem nossa corrente sanguínea, um lugar no qual elas nunca deveriam ter acesso. Isso normalmente causa um belo estrago à nossa saúde.

Então quer dizer que farinha de trigo é veneno?

Calma lá. Uma distinção importante é necessária aqui. Não estamos de forma alguma implicando que o consumo de farinha de trigo causa consequências imediatas que podem matar alguém. Por outro lado, épossível que seu consumo continuado vá acumulando efeitos negativos à saúde ao longo dos anos. É um efeito crônico e não agudo, diferente daquele trazido por tomar veneno de rato, por exemplo.

De qualquer forma, nos faz pensar se a vida sem farinha de trigo (e outros alimentos com glúten) não seria muito melhor, não?

A farinha de trigo é um ingrediente alimentar amplamente utilizado em todo o mundo, sendo a base para uma variedade de produtos de panificação, massas e outros alimentos. No entanto, há uma crescente preocupação com os efeitos da farinha de trigo na saúde, especialmente em relação ao seu conteúdo de glúten e seus impactos sobre a saúde digestiva.

Estudos científicos têm investigado os efeitos da farinha de trigo, particularmente em relação ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, centeio e cevada. Pesquisas têm associado o consumo de glúten em pessoas com doença celíaca, uma condição autoimune em que o sistema imunológico reage negativamente ao glúten, danificando o revestimento do intestino delgado e causando uma série de sintomas gastrointestinais e outras complicações de saúde.

Além da doença celíaca, existe a sensibilidade ao glúten não celíaca, uma condição na qual os indivíduos experimentam sintomas semelhantes aos da doença celíaca, mas sem apresentar os marcadores específicos da doença. Estudos têm mostrado que a eliminação do glúten da dieta pode levar a uma melhoria significativa nos sintomas em pessoas com sensibilidade ao glúten não celíaca.

Por outro lado, a farinha de trigo também é uma fonte importante de nutrientes, incluindo carboidratos, proteínas, fibras e uma variedade de vitaminas e minerais. A farinha de trigo enriquecida é frequentemente fortificada com vitaminas do complexo B, como ácido fólico, riboflavina e niacina, que desempenham papéis essenciais no metabolismo e na saúde geral.

Além disso, a farinha de trigo integral, feita a partir do grão inteiro do trigo, é uma escolha mais nutritiva em comparação com a farinha branca refinada, pois contém a camada externa do grão, que é rica em fibras, vitaminas e minerais. Estudos têm demonstrado que o consumo de grãos integrais, incluindo farinha de trigo integral, está associado a uma redução do risco de doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer.

No entanto, é importante considerar que o consumo excessivo de farinha de trigo refinada pode contribuir para problemas de saúde, como obesidade, resistência à insulina e inflamação. A moderação e o equilíbrio na ingestão de farinha de trigo, juntamente com uma dieta rica em alimentos integrais e variados, são essenciais para uma saúde ótima.

Em conclusão, a farinha de trigo é um ingrediente alimentar amplamente utilizado que apresenta benefícios e preocupações para a saúde. Enquanto o glúten presente na farinha de trigo pode causar problemas em pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca, a farinha de trigo integral oferece uma fonte valiosa de nutrientes e pode contribuir para uma dieta saudável quando consumida com moderação e equilíbrio.

Referências

– Davis, Williams. Wheat Belly: Lose the Wheat. Lose the Weight and find your path back to health. 1st edition. Rodale Books. 304 pages.
– Blog do Dr. Souto

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