Estatinas: cuidado com o uso, advertem especialistas

Via The Telegraph (Clique para ver o original em inglês)

Por Sarah Knapton – Editora Científica

Os benefícios que a estatina proporciona são superados pelos seus efeitos colaterais, dizem dois especialistas em saúde. As estatinas mais prejudicam do que auxiliam na prevenção de ataques cardíacos ou derrames.

Os especialistas opinam que, para se prevenir contra essas possibilidades, é melhor comer uma maçã por dia.

Em um debate no periódico BMC Medicine, o cardiologista Dr. Aseem Malhotra e o professor Simon Capewell da Universidade de Liverpool afirmaram que essas drogas provocam efeitos colaterais enfraquecedores e têm pouco impacto na saúde da maior parte das pessoas.

Eles dizem que os estudos, patrocinados pelas indústrias, não condizem com a realidade que indica que até metade dos pacientes desistem de tomar as estatinas após menos de um ano de uso. E, dentre esses, 62% dizem que desistiram por terem passado a sentir dores musculares e fadiga após o início do uso do medicamento.

Eles recomendam que, para melhorar suas condições cardíacas, as pessoas sejam estimuladas a adotar alimentação mais saudável e a exercitar-se regularmente e não a tomar pílulas.

Embora os remédios possam ser necessários a quem realmente tem uma doença cardíaca, há poucas evidências que eles são úteis para o público em geral.

O Dr.Malhotra, do Frimley Park Hospital, Surrey, disse: “A literatura publicada prova uma inequívoca melhora relativamente aos índices de mortalidade de pessoas que tem, de fato, uma doença cardíaca.”

Entretanto, não se pode dizer o mesmo de tratamentos de prevenção no caso de pessoas com baixo risco para doenças cardíacas.

Para estas pessoas, de baixo risco, em se tratando de redução de risco de infarto do miocárdio, comer uma maçã por dia tem um efeito equivalente ao de tomar estatina.

“Mais de 80% das doenças cardiovasculares são atribuídas a fatores como o fumo, bebidas alcoólicas, inatividade física e dieta alimentar de má qualidade.”

O foco da prevenção primária deve ser a escolha de alimentos ou grupo de alimentos que tenham benefício comprovado na redução de riscos sérios e de mortalidade

A Grã-Bretanha já é a “capital da estatina” na Europa. Apresenta o segundo mais alto número de prescrições do mundo ocidental, em meio a uma escalada da obesidade e à prescrição de medicação por médicos cuja remuneração está relacionada ao uso das pílulas.

Esses medicamentos são os mais comumente prescritos na Grã-Bretanha, e isso acaba custando ao Sistema Nacional de Saúde (NHS) cerca de 450 milhões de libras por ano.

De acordo com a orientação revisada do NHS, essas drogas são receitadas à maior parte dos homens com mais de 60 anos de idade e das mulheres com mais de 65 anos mesmo em casos em que a chance de que venham a desenvolver doenças cardiovasculares nos 10 anos seguintes não chegue a 10%.

Quarenta por cento dos adultos são aconselhados a tomar estatinas, de acordo com essa recomendação do NHS, na tentativa de evitar até 50.000 mortes por ano por derrames ou ataques cardíacos.

Os especialistas acreditam que entre 20.000 e 50.000 mortes poderiam ser evitadas por ano se todos que tivessem recebido recomendação médica para tomar estatinas efetivamente seguissem essa recomendação.

Entretanto, o professor Capwell argumenta que propagandas enganosas induzem pessoas de meia idade ao uso de medicamentos de uso continuo de valor questionável. E a Pfizer possui um folheto informativo sobre atorvastatina que diz que os seus efeitos colaterais incluem dores de garganta, náuseas, dores musculares e nas juntas e aumento do açúcar no sangue.

Afortunadamente, a maioria desses sintomas são reversíveis com a interrupção do uso da droga.

Entretanto o pequeno aumento (de 0,5 a 1,1 por cento) no risco de desenvolver diabetes tipo 2 que se atribui às estatinas não pode ser desprezado.

Richard Hobbs, professor de serviços de primeiros socorros na Nuffield Department do Primary Health Services de Oxford, disse que os médicos deveriam dar conhecimento aos seus pacientes sobre os riscos e não forçá-los a tomar estatinas.

“Embora tomar um medicamento, ou não, seja uma escolha do paciente, o médico não deve oferecer ou tentar persuadir o paciente, de uma forma ou de outra a tomá-lo”, ele disse.

Para alguns pacientes, o temor de ter uma doença vascular faz com que eles ignorem o risco. Já outros, preferem não arriscar.

Entretanto, o consultor Dimitri Mikhailidis, da University College of London Medical School, disse que experiências mostraram que as estatinas se mostraram importantes na prevenção de derrames e ataques cardíacos.

Apesar da intensa discussão sobre o efeito das estatinas sobre as causas de mortalidade em grupos de pacientes, seu papel na prevenção primária em pacientes de alto risco é inquestionável.

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